domingo, 27 de março de 2011

Os 39 Artigos da Religião



OS 39 ARTIGOS DE RELIGIÃO
A Igreja Luterana de São Pedro e São Paulo é evangélica, pois se
firma na Palavra de Deus e, a Arquidiocese da América do Sul,
seguindo a linha Episcopal, aceita os chamados 39 artigos de
religião:
I. DA FÉ NA SANTÍSSIMA TRINDADE
HÁ UM ÚNICO DEUS, vivo e verdadeiro, eterno, sem corpo, indivisível não sujeito a
paixões, de infinito poder, sabedoria e bondade; Criador e Sustentador de todas as coisas
visíveis e invisíveis. E na unidade desta Divindade há  três  Pessoas, da  mesma
substância, poder e eternidade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
II. DO VERBO OU FILHO DE DEUS, QUE SE FEZ VERDADEIRO 
HOMEM
O FILHO,  que é o Verbo do Pai, gerado da eternidade do Pai, verdadeiro e sempiterno
Deus, e consubstancial com o Pai, tomou a natureza humana no ventre da bendita virgem
e da Sua substância; de sorte que as duas inteiras e perfeitas Naturezas, isto é, Divina e
Humana, se uniram em uma Pessoa, para nunca mais se separarem, das quais resultou
Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem; que verdadeiramente padeceu foi
crucificado, morto e sepultado, para  reconciliar Seu Pai conosco, e ser vítima, não só pela
culpa original, mas também pelos atuais pecados dos homens.
III. DA DESCIDA DE CRISTO AO HADES
ASSIM  como Cristo morreu por nós, foi sepultado; assim também deve ser crido que
desceu ao Hades.
IV. DA RESSURREICÃO DE CRISTO
CRISTO verdadeiramente ressuscitou dos mortos e tomou de novo o Seu corpo, com
carne, ossos e tudo o mais pertencente à perfeição da natureza humana; com o que subiu
ao Céu, e lá está assentado, até que volte a julgar todos os homens, no último dia.
V. DO ESPÍRITO SANTO
O ESPÍRTO SANTO, procedente do Pai e do Filho, é da mesma substância, majestade e
glória que o Pai e o Filho, verdadeiro e eterno Deus.
VI. SUFICIÊNCIA DAS ESCRITURAS SAGRADAS PARA A SALVACÃO.
AS ESCRITURAS SAGRADAS contém todas as coisas necessárias para a salvação; de
modo que tudo o que nela não se lê, nem por ela se pode provar, não deve ser exigido de
pessoa alguma que seja crido como artigo de Fé ou julgado como exigido ou necessário
para a salvação. Pelo nome de Escrituras Sagradas entendemos os Livros  canônicos do
Antigo e Novo Testamentos, de cuja autoridade jamais houve qualquer dúvida na Igreja.
Os 66 (sessenta e seis) livros que compõe a Bíblia (Sociedade Bíblica do Brasil, Sociedade
Bíblica Trinitariana, etc..)
VII. DO ANTIGO TESTAMENTO
O ANTIGO TESTAMENTO não é contrário ao Novo; porquanto em ambos, tanto no Antigo
como no Novo, se oferece a vida eterna ao gênero humano, por Cristo, que é o único
Mediador entre Deus e o homem, sendo Ele mesmo Deus e Homem. Portanto, não devem
ser ouvidos os que pretendem que os antigos Pais só esperaram promessas transitórias.
Ainda que a Lei de Deus, dada por meio de Moisés, no que respeita a Cerimônia e Ritos,
não obrigue os cristãos, nem devam ser recebidos necessariamente os seus preceitos civis
em nenhuma comunidade; todavia, não há cristão algum que esteja isento da obediência
aos Mandamentos que se chamam Morais.
VIII. DOS TRÊS CREDOS
OS TRÊS CREDOS  a saber: os Credos Niceno, Atanasiano e o que normalmente se
chama Credo ou  “Símbolo dos Apóstolos” devem ser inteiramente recebidos e cridos;
porque se podem provar com autoridades inegáveis das  Sagradas Escrituras.
IX. DO PECADO ORIGINALO PECADO original não consiste na imitação de Adão (como em vão
propagam os pelagianos); é, porém, a falta e corrupção da Natureza de
todo homem, gerado naturalmente da semente de Adão; pelas quais o
homem dista muitíssimo da retidão original e é de sua própria natureza
inclinada ao mal, de sorte que a carne sempre cobiça contra o Espírito; e,
por isso, toda a pessoa que nasce neste mundo merece a ira e a
condenação de Deus. E esta contaminação da natureza ainda permanece
também nos regenerados, pela qual o apetite carnal, chamado em grego
phronâma sarkos  (que uns interpretam sabedoria e outros, sensualidade,
outros, afeição, e outros, desejo carnal), não é sujeito à Lei de Deus. E
apesar de que não há condenação para os que crêem e são batizados,
contudo o Apóstolo confessa que a concupiscência e luxúria têm de si
mesmas a natureza do pecado.
X. DO LIVRE-ARBÍTRIO
A CONDIÇÃO do Homem depois da queda de Adão é tal que ele não pode converter-se e
preparar-se a si mesmo, por sua própria força natural e boas obras, para a fé e invocação
a Deus. Portanto, não temos o poder de fazer boas obras agradáveis e aceitáveis a Deus,
sem que a graça de Deus por Cristo nos preceda, para que tenhamos boa vontade, e
coopere conosco enquanto temos essa boa vontade.
XI. DA JUSTIFICAÇÃO DO HOMEM
SOMOS reputados justos perante Deus, somente pelo mérito de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo pela Fé, e não por nossos próprios merecidos e obras. Portanto, é doutrina
mui saudável e cheia de consolação que somos justificados somente pela Fé, como se
expõe mais amplamente na Homilia da Justificação.
XII. DAS BOAS OBRAS
AINDA que as Boas obras, que são os frutos da Fé, e seguem a Justificação, não possam
expiar os nossos pecados, nem suportar a severidade do juízo de Deus, são, todavia,
agradáveis e aceitáveis a Deus em Cristo e brotam necessariamente de uma verdadeira e
viva Fé; tanto que por elas se pode conhecer tão evidentemente uma Fé viva como uma
árvore  se julga pelo fruto.
XIII. DAS OBRAS ANTES DA JUSTIFICAÇÃO
AS OBRAS feitas antes da graça de Cristo e da Inspiração de seu Espírito, não são
agradáveis a Deus, porquanto não procedem da fé em Jesus Cristo; nem fazem homens
dignos de receber a graça, nem (como dizem os autores escolásticos) merecem a graça de
congruidade; muito pelo contrário, visto que elas não são feitas como Deus quis e
ordenou que fossem feitas, não duvidamos terem elas a natureza do pecado.
XIV. DAS OBRAS DE SUPERROGAÇÃO
AS OBRAS voluntárias, que excedem os Mandamentos de Deus, e que se chamam Obras
de Superrogação, não se podem ensinar sem arrogância e impiedade; porque por elas
declaram os homens que não se rendem a Deus tudo a que são obrigados, mas também a
favor dele fazem mais do que como rigoroso dever lhes é exigido; ainda que Cristo
claramente tenha dito: Quando fizerdes tudo o que vos estás ordenado dizei: Somos
servos inúteis.
XV. DE CRISTO ÚNICO SEM PECADO
CRISTO, na verdade de nossa natureza, foi semelhante a nós em todas as coisas, exceto
no pecado, do qual foi totalmente isento, tanto na sua carne como no seu Espírito. Ele
veio para ser o Cordeiro imaculado, que, pelo sacrifício de si mesmo uma vez oferecido,
tirou os pecados do mundo; e o pecado (como diz Apóstolo João) não estava nele. Mas
nós, os demais homens, posto que batizados, e nascidos de novo em Cristo, ainda
pecamos em muitas coisas; e se dissermos que não temos pecado, a nós mesmos nos
enganamos, e a verdade não está em nós.XVI. DO PECADO DEPOIS DO BATISMO
NEM todo pecado mortal voluntariamente cometido depois do Batismo é pecado contra o
Espírito Santo, e irremissível. Pelo que não se deve negar a graça do arrependimento aos
que tiverem caído em pecado depois do batismo. Depois de termos recebido o Espírito
Santo, podemos apartar-nos da graça concedida, e cair em pecado, e pela graça de Deus
levantar-nos de novo, e corrigir nossa vida. Devem, portanto, ser condenados os que
dizem que já não podem pecar mais, enquanto aqui vivem, ou os que negam a
oportunidade de perdão às pessoas verdadeiramente arrependidas.
XVII. DA PREDESTINAÇÃO E ELEIÇÃO
A PREDESTINAÇÃO para a Vida é o eterno propósito de Deus, pelo qual (antes de
lançados os fundamentos do mundo) tem constantemente decretado por seu conselho a
nós oculto, livrar da maldição e condenação os que elegeu em Cristo dentre o gênero
humano, e conduzi-los por Cristo à salvação eterna, como vasos feitos para honra. Por
isso os que se acham dotados de um tão excelente benefício de Deus são chamados
segundo o propósito de Deus, por seu Espírito,  operando no tempo devido; pela Graça
obedecem à vocação, são justificados gratuitamente; são feitos Filhos de Deus por adoção;
são criados conforme à imagem de seu Unigênito Filho Jesus Cristo; vivem religiosamente
em boas obras, e enfim chegam, pela misericórdia de Deus, à felicidade eterna.
Assim como a pia consideração da Predestinação, e da nossa Eleição em Cristo, é cheia de
um doce, suave e inexplicável conforto para as pessoas devotas, e os que sentem em si
mesmos a operação do Espírito de Cristo, mortificando as obras da carne, e seus
membros terrenos, e a sua fé na salvação eterna que hão de gozar por meio de Cristo,
mas porque de modo veemente acende o seu amor para com Deus; assim para as pessoas
curiosas e carnais, destituídas do Espírito de Cristo, o ter de contínuo diante dos seus
olhos a sentença da Predestinação de Deus é um precipício muitíssimo perigoso, por onde
o Diabo as arrasta ao desespero, ou a que vivam na indignidade dos seres mais impuros,
de maneira não menos perigosa que o desespero.
Além disso, devemos receber as promessas de Deus do modo que nos são geralmente
propostas nas Escrituras Sagradas e seguir em nossas obras a Vontade de Deus, que nos
é expressamente declarada na sua Palavra.
XVIII. DA OBTENÇÃO DA SALVAÇÃO ETERNA UNICAMENTE PELO 
NOME DE CRISTO
DEVEM ser também tidos por amaldiçoados os que se atrevem a dizer que todo o homem
será salvo pela Lei ou pela Seita que professa, contanto que seja cuidadoso em moldar
sua vida segundo essa lei e o lume da Natureza. Porque as Sagradas Escrituras somente
nos propõem o Nome de Jesus Cristo, como único meio pelo qual os homens se hão de
salvar.
XIX. DA IGREJA
A IGREJA visível de Cristo é uma congregação de fiéis, na qual é pregada a pura Palavra
de Deus, e são devidamente ministrados os Sacramentos conforme a Instituição de Cristo
em todas as coisas que necessariamente se exigem neles.
Assim como a Igreja de Jerusalém, de Alexandria e de Antioquia, erraram; assim também
a Igreja de Roma errou, não só quanto às suas práticas, ritos e cerimônias, mas também
em matéria de Fé.
XX. DA AUTORIDADE DA IGREJA


A IGREJA tem poder de decretar Ritos ou Cerimônias e autoridade nas Controvérsias da
Fé; todavia não é lícito à Igreja ordenar coisa alguma contrária à Palavra de Deus escrita,
nem expor um lugar das Escrituras de modo que repugne a outro. Portanto, mesmo que a
Igreja seja testemunha e guarda das Escrituras Sagradas, todavia, assim como não é
lícito decretar coisa alguma contra elas, também não deve obrigar que seja acreditada
coisa alguma que nelas não se encontra, como necessária para a salvação.
XXI. DA AUTORIDADE DOS CONCÍLIOS GERAIS
CONCÍLIOS Gerais não devem ser reunidos sem o mandamento e a vontade de Príncipes. E quando eles se reúnem (sendo uma assembléia de homens, onde nem todos são regidos
pelo Espírito e pela Palavra de Deus) podem errar, e às vezes  têm errado, mesmo nas
coisas pertencentes a Deus. Portanto, o que por eles é ordenado como necessário à
salvação não possui força nem autoridade, exceto se for declarado que eles o extraíram
das Sagradas Escrituras.
XXII. DO PURGATÓRIO
A DOUTRINA romana relativa a Purgatório, Indulgências, Veneração e Adoração tanto de
Imagens como de Relíquias, e também a Invocação dos Santos, é uma coisa fútil e
inventada em vão, que não se fundamenta em testemunho algum das Escrituras, mas ao
contrário repugna a Palavra de Deus.
XXIII. DA MINISTRAÇÃO NA IGREJA
A NINGUÉM é lícito tomar sobre si o cargo de pregar publicamente, ou administrar os
Sacramentos na Congregação, antes que seja legalmente chamado, e enviado a executá-
lo. E devemos julgar por legalmente chamados e enviados aqueles que tiverem sido
escolhidos e chamados para essa obra pelos homens revestidos publicamente de
autoridade, dada a eles na Congregação, para chamar e enviar Ministros à vinha do
Senhor.
XXIV. DA LÍNGUA VERNÁCULA NO CULTO
REPUGNA evidentemente à Palavra de Deus e ao costume da Igreja Primitiva dizer
Orações públicas na Igreja, ou administrar os Sacramentos em língua que o povo não
entenda.
XXV. DOS SACRAMENTOS
OS SACRAMENTOS instituídos por Cristo não são unicamente designações ou indícios
da profissão dos cristãos, mas antes testemunhos certos e firmes, e sinais eficazes da
graça e da boa vontade de Deus para conosco, pelos quais ele opera invisivelmente em
nós, e não só vivifica, mas também fortalece e confirma a nossa Fé nele.
São dois os Sacramentos instituídos por Cristo Nosso Senhor no Evangelho, isto é, o
Batismo e a Ceia do Senhor.
Os cinco vulgarmente chamados Sacramentos, isto é, Confirmação, Penitência, Ordens,
Matrimônio, Extrema Unção, não devem ser contados como Sacramentos do Evangelho,
tendo em parte emanado de uma viciosa imitação dos Apóstolos, e sendo em parte
estados de vida aprovados nas Escrituras; não têm, contudo, a mesma natureza de
Sacramentos peculiar ao Batismo e à Ceia do Senhor, porque não têm sinal algum visível
ou cerimônia instituída por Deus.
Os Sacramentos não foram instituídos por Cristo para servirem de espetáculo, ou para
serem levados em procissão, mas sim para os utilizarmos de forma devida. É só nas
pessoas que dignamente os recebem é que há um saudável efeito ou operação; mas os
que indignamente os recebem adquirem para si mesmos a condenação, como diz São
Paulo.
XXVI. DA INDIGNIDADE DOS MINISTROS, A QUAL NÃO IMPEDE O 
EFEITO DOS SACRAMENTOS
AINDA que na Igreja visível os maus sempre estejam misturados com os bons, e às vezes
os maus tenham a principal autoridade na Administração da Palavra e dos Sacramentos,
todavia, como não o fazem em seu próprio nome mas no de Cristo, e em comissão e por
autoridade dele administram, podemos usar do seu Ministério, tanto em ouvir a Palavra
de Deus, como em receber os Sacramentos. Nem o efeito da ordenança de Cristo é tirado
pela sua iniqüidade; nem a graça dos dons de Deus diminui para as Pessoas que com fé e
devidamente recebem os de Cristo apesar de serem administrados por homens maus.
Não obstante, à disciplina da Igreja pertence que se inquira acerca dos Ministros maus, e
que sejam estes acusados por quem tenha conhecimento de seus crimes; e sendo, enfim,
reconhecidos culpados, sejam depostos mediante justa sentença.
XXVII. DO BATISMO
O BATISMO não só é um sinal de profissão, e marca de diferença, com que se distinguem
os Cristãos dos que não o são, mas também, um sinal de Regeneração ou Novo Nascimento, pelo qual, como por instrumento, os que recebem o Batismo devidamente
são enxertados na Igreja; as promessas da remissão dos pecados, e da nossa adoção
como Filhos de Deus pelo Espírito Santo, são visivelmente marcadas e seladas, a Fé é
confirmada, e a Graça, aumentada por virtude da oração a Deus.
As crianças recém-nascidas devem ser apresentadas a Deus como ocorreu com Jesus
Cristo nas Escrituras sagradas.
O batismo poderá ser por imersão sempre que possível a critério do pastor da igreja a
pessoas acima dos 13 anos.
XXVIII. DA CEIA DO SENHOR
A CEIA DO SENHOR não é só um  sinal do mútuo amor que os cristãos devem ter uns
para com os outros; mas antes é um Sacramento da nossa Redenção pela morte de
Cristo, de sorte que para os que devida e dignamente, e com fé o recebem, o Pão que
partimos é uma participação do Corpo de Cristo; e de igual modo o Cálice da Bênção é
uma participação do Sangue de Cristo.
A  transubstanciação (ou mudança da substância do Pão e do Vinho) na Ceia do Senhor,
não se pode provar pelas Escrituras Sagradas; mas antes repugna as palavras
terminantes das Escrituras, subverte a natureza de Sacramento e tem dado ocasião a
muitas superstições. O Corpo de Cristo é dado, tomado e comido na Ceia, somente de um
modo celeste e espiritual. E o meio pelo qual Corpo de Cristo é recebido e comido na Ceia
é a Fé.
O Sacramento da Ceia do Senhor não foi pela ordenança de Cristo reservado, nem levado
em procissão, nem elevado, nem adorado.
XXIX. DOS ÍMPIOS, QUE NÃO COMEM O CORPO DE CRISTO NA MESA 
DO SENHOR
OS ÍMPIOS, e os destituídos da fé viva, ainda que carnal e visivelmente comprimam com
os dentes (como diz santo Agostinho) o Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo, nem por
isso são de maneira alguma participantes de Cristo; mas antes, para sua condenação,
comem e bebem o sinal ou Sacramento de uma coisa tão importante.
XXX. DE AMBAS AS ESPÉCIES
O CÁLICE do Senhor não se deve negar aos Leigos, porque ambas as partes do
Sacramento do Senhor por instituição à ordem de Cristo devem ser administradas a todos
os cristãos igualmente.
XXXI. DA ÚNICA OBLAÇÃO DE CRISTO CONSUMADA NA CRUZ
A OBLAÇÃO uma vez consumada é a perfeita redenção, propiciação e satisfação por todos
os pecados, tanto original como atuais, do mundo inteiro; e não há nenhuma outra
satisfação pelos pecados, senão esta unicamente. Portanto, os sacrifícios das Missas nos
quais vulgarmente se dizia que o Sacerdote oferecia Cristo para a remissão de pena ou
culpa, pelos vivos e mortos, são fábulas blasfemas e enganos perigosos.
XXXII. DO CASAMENTO DOS MINISTROS
OS BISPOS, Presbíteros e Diáconos não são obrigados, por preceito algum da lei de Deus,
a voltar-se ao estado celibatário, ou abster-se do matrimônio; portanto é-lhes lícito, como
aos demais cristãos, casar como entenderem, se julgarem que isso lhes é mais útil para
viverem religiosamente.
XXXIII. COMO DEVEMOS EVITAR AS PESSOAS EXCOMUNGADAS
AQUELE que por denúncia pública da Igreja for justamente separado da unidade da
Igreja, e suspenso da Comunhão, deve ser tido por pagão e publicano por todos os fiéis,
até que seja, mediante penitência, recebido na Igreja por um juiz que tenha autoridade
para isso.
XXXIV. DAS TRADIÇÕES DA IGREJA
NÃO é necessário que as Tradições e Cerimônias sejam em toda a parte as mesmas, ou
totalmente semelhantes; porque em todos os tempos têm sido diversas, e podem ser
alteradas segundo a diversidade dos países, tempos e costumes dos homens, contanto
que nada se estabeleça contrário à Palavra de Deus. Todo aquele que por seu particular juízo, com ânimo voluntário e deliberado, quebrar manifestamente as Tradições e
Cerimônias da Igreja, que não são contrários à Palavra de Deus, e se acham estabelecidas
e aprovadas pela autoridade comum (para que outros temam fazer o mesmo), deve ser
publicamente repreendido, como quem ofende a ordem comum da Igreja, fere a
autoridade do Magistrado e vulnera as consciências dos irmãos débeis. Toda a igreja
particular ou nacional tem autoridade para ordenar, mudar e abolir as Cerimônias ou
Ritos da Igreja, instituídos unicamente pela autoridade humana, contanto que tudo se
faça para a edificação.
XXXV. DAS HOMILIAS
O SEGUNDO Livro das Homilias, cujos títulos reunimos abaixo neste Artigo, contêm doutrina pia,
saudável e necessária para estes tempos, como também o primeiro Livro das Homilias, publicado ao
tempo de Edward VI, e portanto julgamos que devem ser lidas pelos  Ministros, diligente e distintamente
nas Igrejas, para que sejam entendidas pelo povo.
DOS NOMES DAS HOMILIAS
1. Do uso correto da Igreja
2. Contra o Perigo da Idolatria
3. Uso do reparo e asseio das Igrejas.
4. Das boas Obras: principalmente do Jejum.
5. Contra a Glutonaria e Embriaguez.
6. Contra o Luxo do Vestuário.
7. Da Oração.
8. Do Lugar e Tempo da Oração.
9. De como Orações e Sacramentos se devem administrar em língua
conhecida.
10. Da reverente Estima à Palavra de Deus.
11. Das Esmolas
12. Da Natividade de Cristo.
13. Da Paixão de Cristo.
14. Da Ressurreição de Cristo.
15. Da digna recepção do Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo.
16. Dos Dons do Espírito Santo.
17. Para os dias de Rogações.
18. Do Estado do Matrimônio.
19. Do Arrependimento.
20. Contra a Ociosidade.
21. Contra a Rebelião.
(Este Artigo está suspenso até sua total revisão.)
XXXVI. DA CONSAGRAÇÃO DE BISPOS E MINISTROS
O LIVRO de Consagração de Arcebispos e Bispos e ordenação de Presbíteros e Diáconos,
acontecido no tempo do Rei Edward VI, contém todas as coisas necessárias à referida
Consagração e ordenação; não há nele coisa alguma que seja por si mesma supersticiosa
e ímpia. Por conseqüência, todos aqueles que tenham sido consagrados ou ordenados
segundo os ritos do referido Livro, desde o segundo ano do reinado do Rei Edward VI até
os dias de hoje, ou que  aos que forem consagrados e ordenados segundo os mesmo ritos,
são e serão reta, canônica e licitamente  consagrados e ordenados.
XXXVII. DO PODER DOS MAGISTRADOS CIVIS
A MAJESTADE do Rei tem o supremo poder no Reino da Inglaterra, e nos outros seus
domínios; pertence-lhe o supremo governo de todos os Estados do referido reino, assim
eclesiásticos como civis, em todas as suas causas, e não é, e nem pode ser sujeito a nenhuma jurisdição estrangeira. Quando atribuímos à Majestade o Rei, o supremo
governo (título que, segundo havemos alcançado, temos ofendido os ânimos de alguns
caluniadores), não queremos dar aos nossos Príncipes a administração da Palavra de
Deus, nem a dos Sacramentos, coisas que as mesmas ordenanças ultimamente
promulgadas pela Rainha Elizabeth I, provam com maior evidência; mas unicamente a
prerrogativa que nas Sagradas Escrituras vemos, foi sempre dada por Deus a todos  os
Príncipes piedosos; isto é, que todos eles governassem, mantendo  em seu dever  todos os
estados e classes entregues por Deus a todos os Príncipes piedosos; isto é, que eles
governassem, mantendo em seu dever todos os estados e classes entregues por Deus a
seu cargo fossem  eclesiásticos ou temporais, refreassem com espada civil os contumazes
e malfeitores.O Bispo de Roma não tem jurisdição alguma no reino da Inglaterra.
As leis do Reino poderão castigar os cristãos com pena de morte, por crimes
graves e capitais.É lícito aos cristãos, por ordem do Magistrado, pegar em
armas e servir nas forças armadas.As referências à Constituição e Leis da
Inglaterra são porém, consideradas inaplicáveis em nosso país, tendo em
vista a Constituição da República Federativa do Brasil, não aplicar a pena
de morte por ser considerada inconstitucional.
XXXVIII. DE QUE NÃO SÃO COMUNS OS BENS ENTRE OS CRISTÃOS
AS RIQUEZAS e Bens dos cristãos não são comuns quanto ao direito, título e posse,
como falsamente apregoam certos anabatistas. Todos, no entanto, das coisas que
possuem, devem dar liberalmente ajuda aos pobres, segundo o seu poder.
XXXIX. DO JURAMENTO DE UM CRISTÃO
ASSIM como confessamos que o Juramento vão e temerário é proibido aos
cristãos por nosso Senhor Jesus Cristo, e por Tiago, seu Apóstolo, assim
também julgamos que a Religião Cristã de nenhum modo proíbe que uma
pessoa jure quando o Magistrado o exige em causa de fé e caridade,
contanto que isto se faça segundo a doutrina do Profeta, em justiça, juízo e
verdade.

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